segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Deadlines...


Tem gente que bate no peito (no deles, é claro!) e diz que só consegue trabalhar se for sob pressão. Nas empresas, fala-se o tempo todo em prazos, metas... querem que as pessoas façam duas, três, dez coisas ao mesmo tempo. Tudo é pra ontem; e se der pra entregar antes, melhor. Tem gente que diz que isso é produtividade, faz parte do tal "processo de globalização" (e eu que achava que o mundo sempre tinha sido um "globo", imagine...).

Já dizia o filósofo Garfield, the Cat*: take it easy, my friend. Fato é que muitos prazos justíssimos e metas absurdas não são, na maioria das vezes, realmente importantes. A não ser, é claro, que você seja um cirurgião com um coração escancarado à sua frente, dificilmente alguém vai morrer se você não terminar aquele serviço até às 16 horas da sexta-feira ou não entregar aquele gráfico rídiculo em forma de pizza de calabreza a tempo.

Muitas vezes os prazos absurdos existem só pra que o chefe consiga "mostrar quem é que manda nessa joça" ou pra alguém valorizar o servicinho medíocre que ele tem, fazendo parecer que aquilo é a coisa mais importante para a humanidade nos próximos dias e que sem isso, a fome irá prevalecer e as guerras continuarão indefinidamente.

Ainda bem que o resto do mundo (ainda) não é governado pelos prazos e deadlines que regem as empresas. Imagine se todas as outras atividades humanas fossem coordenadas por uma espécie de "gerente de vidas" que emitiria um cronograma semanal e penduraria na sua geladeira só pra te mostrar como você é medíocre e está atrasado. Pelo cronograma dele, já era pra você ter feito mestrado em Harvard e estar disputando a vice-presidência da Coca-Cola. Enquanto você, só quer saber se tem Coca-Cola na geladeira! "Teremos que rever suas metas", ele diria.

A pressão resultante iria se propagar pelos "escalões inferiores": a namorada intimaria o rapaz em uma sala de reuniões. Ela estaria sentada em uma cadeira estofada em frente a uma mesa imensa com um notebook ligado em um projetor e os pézinhos balançando, nervosa:

- Cléverson, eu estava analisando algumas planilhas e cheguei a conclusão de que nosso namoro está se extendendo além do prazo pré-estabelecido. Pelo gráfico podemos observar que muitas das minhas amigas já se casaram e outras estão com os papéis em andamento. Estamos ficando pra trás. Preciso de uma posição sua ainda essa semana.

Em outra família, os pais se reuniriam com o bebê de 1 ano e meio, em volta do berço:

- Júnior, nós percebemos que você tem feito algum progresso em engatinhar, mas precisamos que você esteja andando até o próximo fim de semana.

- Isso mesmo. Queremos resultados! - diria o pai-diretor geral, exaltado.

- Gu Dabadaá.

- Veja bem. Não precisa ser um atleta, não é isso. Pode até mancar um pouquinho, não tem problema. O que eu preciso é de alguma coisa pra mostrar para os seus avós. Se você conseguir, nós voltamos a conversar sobre aquele aumento no leite da mamadeira.

- Dáááábidá...


* Filósofo felino altamente motivado

2 comentários:

Anônimo disse...

Aliás, acho que seu prazo já esta apertadissimo !

Anônimo disse...

Boa...
ChrZ@