
Tudo começou quando, no meio de uma discussão, alguém se virou pra ele e disparou: “Ah! Você se acha o dono da verdade!”.
O outro, sem se ofender nem nada, permaneceu calmo, o que é natural já que é um fato conhecido que quanto mais chata a pessoa, maior a capacidade dela se manter tranqüila em situações de pressão e estresse. “Veja bem, meu jovem...” – respondeu o chato – “na realidade sou o dono da verdade sim. E posso provar...” – disse enquanto sacava de seu bolso um pedaço de papel amarelado. Desdobrou a folha com cuidado. Ela dizia o seguinte:
“A quem interessar possa:
Declaro para devidos fins que a partir da data abaixo, todo o conjunto de conclusões a que a humanidade chegou ou chegará com certeza absoluta denominado “verdade”, doravante passa a pertencer a [aqui entrava o nome do chato que será preservado para evitar processos].
O presente documento concede ao seu portador o direito de discordar de tudo e de todos e de sentir-se superior a todo e qualquer ser, humano ou animal, pelo tempo estabelecido para a duração das verdades. Caso alguém descubra que determinada verdade dita pelo portador deste documento não é bem verdade e sim mera suposição dita no ardor de uma discussão apenas para que ele saia por cima, ou ainda que a suposta verdade trata-se de uma mentira deslavada, ainda assim prevalece o direito do portador deste documento de sair-se por cima, com a cara orgulhosa e com um risinho arrogante.
O portador deste documento reserva-se ao direito de não aceitar nenhuma sugestão ou idéia que lhe for dada. Seu dever é desqualificar qualquer possível idéia que não tenha partido de si mesmo, com a já mencionada cara orgulhosa e risinho arrogante. Fica-lhe concedido o direito de falar mais alto e usar qualquer poder que lhe tenha sido dado para impor suas idéias, por mais tacanhas e esdrúxulas que sejam.
O presente É VERDADE e dou fé.
Assinado: O dono da verdade”
“Você deve estar brincando, né?” – disse o outro quando leu o texto. “Isso é uma besteira! Além disso foi assinado por você mesmo!”.
“Aí é que está” – respondeu o dono da verdade. “Se eu sou o dono, por que preciso que alguém assine isso pra mim?”
“Mas...”
“Veja bem, meu rapaz...” – interrompeu. “Partindo do princípio que eu sou o dono da verdade, eu posso redigir esse documento e ele passará a ser verdade, certo?”
“Mas aí é que está! E partindo do princípio que você não é o dono?” – desafiou. A voz já ficava mais estridente. Os donos da verdade sabem como irritar os outros e fazê-los perder a paciência.
O chato retrucou: “Mas eu sou! Está escrito aí, não está?”
“Tá! Desisto! Não dá pra conversar com você.” – resmungou o homem saindo de fininho.
“Não falei que eu tinha razão?” – respondeu o chato, com a cara orgulhosa.
E com um risinho arrogante.
Um comentário:
Isso me fez lembrar de umas pessoas hahahahaha
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