
As mulheres devem achar que os maridos são gênios da moda. Que eles estão na profissão errada, já que todos eles deveriam ser estilistas (só para constar: se eles realmente levassem jeito pra isso dificilmente seriam "maridos" - pelo menos não no sentido aceito pela comunidade). Deve ser isso, porque todas elas ao se arrumarem pra sair, têm o hábito curioso de perguntar ao marido:
- Você acha que essa saia combina com essa blusa?
A maioria dos maridos responde invariavelmente que sim, mesmo que a dita saia seja roxa com bolinhas azuis e a blusa tenha um babado pink do século XV cravado de lantejoulas coloridas. Isso porque eles sabem que qualquer que seja a resposta, ela já sabe exatamente o que ela vai vestir. Ela já passou as últimas três horas imaginando como ficaria cada roupa, sapato, cabelo, maquiagem e todas as 213.614 combinações possíveis. Por isso não surpreende que o gentil leitor indague: "Por que então, a minha senhora ainda insiste em me perguntar com qual saia ela fica melhor?".
Boa pergunta. Já no Egito antigo foram encontradas múmias de esposas de faraós com as mãos fechadas segurando algo que os arqueólogos imaginam ser duas túnicas diferentes, na direção do sarcófago real. Uma delas tinha até brincos diferentes em cada orelha. O mesmo se deu na chegada das caravelas de Portugal em nossas terras: relatos paralelos ao de Caminha afirmam terem presenciado índias com cara de bolacha perguntando ao cacique se deviam se pintar com o vermelho do urucum ou com o branco da tabatinga. O cacique acendia um cachimbo e apontava para a cor preferida. Elas sempre escolhiam a outra. (Aparentemente esse era o motivo dos caciques aceitarem trocar ouro, pedras preciosas, qualquer coisa... por um espelhinho).*
Esse ritual se repete há séculos. Antes de sair, a esposa, no seu estado pré-maquiagem, pergunta se a roupa ficaria melhor com o sapato branco ou com o dourado. Se você responder "branco", ela dirá: "Por que? Você não gosta do dourado?", o que levará a uma interminável sequencia de testes e experimentos com todos os pares de sapato possíveis. Psicólogos do mundo todo argumentam que isso é causado pela necessidade de ter uma segunda opinião, pela saudade da mãe, da irmã, da amiga, etc.
A solução encontrada por muitos foi continuar concordando, independentemente da pergunta. Veja um exemplo elucidativo:
- Com qual brinco você acha que eu devo ir? O pequeno ou o grande?
- Sim.
- Ah... eu também gosto mais do grande. Obrigada.
Para isso funcionar é necessário olhar fixamente para o objeto em questão e franzir a testa como se realmente se importasse (mesmo que o cérebro esteja pensando no jogo, nas contas ou na crise da ex-Iugoslávia).
De qualquer forma, sustento a tese de que homens não são os seres mais apropriados para esse tipo de questionamento. Em geral, nós temos apenas dois pares de sapato (o preto e o marrom), duas calças jeans (a velha e a nova), sete camisas (uma para cada dia da semana - sendo utilizadas na ordem em que forem dispostas nos cabides) e um cinto bicolor (daqueles que se usam dos dois lados - um para o sapato marrom outro para o preto).
A propósito, amável leitora, pode continuar perguntando. Nós bem que gostamos.
* Informações históricas de fontes não muito confiáveis, porém muito imaginativas.
Um comentário:
Nós mulheres não somos tão complicadas. VCs é que são insensíveis. Rs
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